MESTIÇO é mistura com Amor
Dez novos vinhos produzidos com novos e velhos amigos. O mediático chefe – e cheirista – Ljubomir Stanisic assina uma dezena de misturas, inaugura uma nova marca e lança o mote para a vida. Ser Mestiço. Com orgulho e sem preconceito.
É tão Amoroso quanto Atrevido, Bravo e Curioso, Bruto mas também Maduro, Perigoso mas Sólido, até um pouco Viçoso e algumas vezes Raro. Os adjectivos classificam. Os vinhos, mas também o seu autor. São características que definem a bebida dentro da garrafa, mas também o seu blender. Ljubomir Stanisic é cozinheiro, sim. Mediático apresentador de programas de gastronomia, tem três restaurantes e muitas paixões. O vinho é uma delas. Há mais de 15 anos que os cria como um prato de comida: misturando as quantidades certas, buscando o equilíbrio mas também a surpresa – e às vezes até o choque.
No seu primeiro restaurante em Cascais (2004-2008), começou a brincar aos casamentos. Entre o copo e o prato. O vinho e a comida. Usando as imperfeições, as improbabilidades, tornando este amor nunca platónico, antes desconcertante. Tornou-se mestre destas cerimónias nos seus restaurantes seguintes: 100 Maneiras (2009 e 2019/ 1 estrela Michelin), e Bistro 100 Maneiras (2010/ melhor restaurante do mundo nos Monocle Restaurant Awards 2017).
Rapidamente passou da cozinha à vinha. Fincou o pé no acelerador e entrou pelo país adentro. Bateu à porta de amigos, furou pelas suas adegas. Alentejo, Douro, Lisboa, Açores, Serra da Estrela, Minho, Dão, Madeira. Não interessava tanto onde, mas com quem. A fusão foi sempre feita entre amigos. E destas amizades resultaram alguns prémios: a “Revista de Vinhos” destacou o Bicho do Mato (vinho branco 2017), produzido com Dirk Niepoort no Douro, como um dos “Topos de Gama Brancos” e “Altamente Recomendado” em 2020; Mó (vinho tinto 2013) também com a Niepoort, foi incluído na lista “O Melhor de Portugal” (com 18 valores em 20) e o Encurralado (vinho branco 2019), produzido com a Azores Wine Company, foi distinguido com o Selo “Altamente Recomendado 2021”.
Em 2024, quis tornar este amor mais sólido. Decidiu escrever muitas cartas de intenções e encerrá-las dentro de cada garrafa. Para se beberem tantas convicções quanto estados de espírito. Com um abecedário de propósitos, cheio de letras, cheio de sonhos, construíram-se estes novos líquidos. Vindos de muitas latitudes – Douro, Côa e Alentejo, só para começar. Feitos de virtudes e vicissitudes, assumindo os “defeitos” e as imperfeições, sem fronteiras terrestres nem morais.
Mestiço é mistura. De defeitos e feitios. De vícios e vicissitudes. De Norte, Sul, Este e Oeste. O blend não se faz só de uvas. Faz-se de histórias, de amigos. Que discutem e riem. Discordam e brindam. Juntos. No vinho como na vida. Luís Louro e Inês Capão (Adega Monte Branco), Mateus Nicolau de Almeida e Teresa Ameztoi (Mateus Nicolau de Almeida), Luís Pedro Cândido, Dirk e Daniel Niepoort (Niepoort) dão rosto a este manifesto. Aceitaram os desafios. Tiraram-se tapetes. Ficou-se sem chão. E o vinho aconteceu.
Com a família Niepoort, no Douro, Ljubomir produziu os Mestiço Bravo, Viçoso (brancos) e Maduro (tinto). Na Mateus Nicolau de Almeida, em pleno Côa, criou um Bruto (branco) e um Sólido (tinto). Do Alentejo, da Adega Monte Branco, trouxe cinco vinhos: Curioso, Atrevido (brancos), Perigoso, Amoroso e Raro (tintos). Uns são mais simples, outros mais complexos, uns clássicos, outros punk. Mestiço é comunhão. De amor e de géneros. Sem géneros. Com atitude. De uva e de sangue. Visceral.
Em cada letra deste abecedário, mora uma intenção. Um “U” com gravuras rupestres num Bruto produzido no Côa. Um “O” que é alvo de caça, hobbie do cozinheiro “tugoslavo”, mas também uma ligação ao vinho que este Bravo vem suceder (o antigo “Bicho do Mato”). Da mesma maneira, o “I” em Viçoso remete para o fecho que deu nome ao vinho antecessor (Éclaire).
As 26 letras deste abecedário estão impregnadas de significado(s). Dos mais óbvios, como as percentagens das castas misturadas, as plantas e flores que ilustram o processo natural de algumas destas criações, o tronco que corresponde ao amadurecimento em madeira… Mas também de ligações mais intimistas, como o “A” que é um livro semiaberto, de um Amoroso inspirado na sua mulher, Mónica Franco, jornalista e escritora. Ou um “M” de Maduro que é Mestiço. Um “M” que é, ao mesmo tempo, assinatura e logotipo. Enfrentando a vida de cornos em riste e de coração aberto.
A arquitectura de marca é assinada por Dina Camacho e Gil Correia que, com Ljubomir e Mónica (que assina os textos), formam o quarteto de sócios deste novo projecto. Laura Patrício e Nuno Faria são as peças-chave que completam este puzzle feito de amor e amigos. Mestiço é vinho e é gente. Que ama e odeia, que ri e que chora. Que dança e se espanta. Mestiço é vida certamente. E o que é a vida sem gente? Sem partilha, sem mistura? É triste figura. Sejamos Mestiço. Sempre, a todas as horas do dia – e sem moderação.
Os vinhos Mestiço estão à venda através da distribuidora Temple Wines e na loja online do chefe Ljubomir, estando também disponíveis nas cartas de vinhos dos restaurantes do grupo 100 Maneiras.